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Thor Batista Mata Ciclista

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Filho de Eike Batista se defende no Twitter
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
Acidente


O estudante de economia Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, criou nessa segunda-feira um perfil no microblog Twitter para explicar o acidente que terminou com a morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, no sábado à noite. O ciclista cruzava a pista no km 101 da BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora (MG), nas proximidades do distrito de Xerém, quando foi atingido pelo Mercedes SLR McLaren prata guiado por Thor e morreu na hora. “Tremendo de nervosismo e traumatizado”, ele disse ter ficado “fisicamente, psicologicamente e emocionalmente incapacitado de prestar socorro a Wanderson. Ao saber da morte do ciclista, ficou “sem reação”.

Na rede social, o estudante alegou que não havia iluminação no local e por isso usava farol alto, farol de milha e farol de neblina. Thor Batista afirmou que trafegava na faixa da esquerda “com muito cuidado”, a ponto de nem conversar com o carona. “Repentinamente um ciclista atravessou do acostamento do lado direito até o meio da faixa da esquerda, onde trafegam veículos”, escreveu. “Me recordo que Wanderson empurrava a bicicleta com o pé esquerdo no chão”, completou. Ele disse ainda que no período de um ano passou pelo local pelo menos seis vezes, e sabia que ciclistas passavam ali com frequência. “Durante todo o trajeto, a velocidade do veiculo SLR Mclaren permaneceu dentro dos limites da lei”, continuou.

Para tirar qualquer dúvida de que o perfil era verdadeiro, Thor Batista fez questão de escrever uma frase em alemão. Pediu a um amigo, Gilson, que o ajudasse a autenticar seu perfil e escreveu para o pai que “a família da vítima e amigos próximos merecem esclarecimentos autênticos”. Mais cedo, Eike Batista havia usado o Twitter para defender o filho ao responder perguntas de internautas. “Ele é assim! Fez tudo que um cidadão honrado tem obrigação de fazer! Prestou socorro, depôs, assinou e fez o (teste do) bafômetro”, escreveu, ao ser elogiado por um internauta.

Thor não comentou denúncia de que nos últimos 18 meses ele acumulou 51 pontos na carteira nacional de habilitação (CNH), mas continuava a dirigir. Os dados constam do extrato do sistema de consultas de multas do Detran do Rio de Janeiro. Ele ainda pode recorrer de duas multas, que somam 11 pontos. O jovem tirou a primeira CNH em dezembro de 2009, quando então, entrou em período probatório — não poderia cometer qualquer infração durante 12 meses. No entanto, entre setembro e dezembro de 2010, cometeu cinco infrações por excesso de velocidade, num total de 21 pontos. Pela lei, ele deveria perder o direito de dirigir, mas conseguiu tirar a carteira definitiva, pois, no fim do primeiro ano de habilitação, as cinco multas ainda não haviam entrado no sistema do Detran.

O advogado Cleber Carvalho Rumbelsperger, da família de Wanderson Pereira dos Santos, contesta a versão de que o ciclista teria cruzado a via. Ele disse que vai pedir indenização por danos morais e financeiros a Thor. “É preciso que haja uma compensação por danos morais e pela perda de renda da família. O coração dele foi parar dentro do carro. Por isso, eu sei que ele foi pego de frente. Se ele tivesse atravessando a rodovia, como estão falando, teria sido pego de surpresa”, disse uma tia da vítima, Maria Pereira. Rumbelsperger diz que moradores locais afirmam que Thor tentou cortar um ônibus quando perdeu o controle do veículo e atingiu Silva no acostamento. Uma ambulância da Concer, companhia que administra a via, foi acionada pelo jovem, mas a vítima não resistiu aos ferimentos.

Em contato com a família, um representante de Eike Batista disse que iria arcar com todas as despesas do enterro. O empresário teria pago R$ 8 mil pelo sepultamento e reconstituições na face e no corpo de Wanderson – com o impacto, ele teve uma das pernas e um dos braços amputados. O ciclista foi enterrado domingo, no Cemitério de Xerém. Thor deve ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) por atropelamento.

Veloz e para poucos

A Mercedes SLR McLaren de Eike Batista, dirigida pelo filho Thor na noite do atropelamento, é considerado um dos nove carros mais velozes do mundo, indo de 0 a 110 km/h em 3,5 segundos. A velocidade máxima alcançada pelo automóvel chega a 334 km/h. Há quem diga que o carro só foi feito sob encomenda e que seu custo, mesmo o exemplar de Eike, fabricado em 2006, seria de aproximadamente R$ 2,3 milhões, e o IPVA em torno de R$ 92 mil.